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Literatura comparada
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Literatura Comparada ? o ramo da Teoria Liter?ria que estuda, atrav?s de compara??o, a literatura de dois ou mais grupos lingu?sticos, culturais ou nacionais, diferentes; incidindo o seu foco especificamente n?o tanto na compara??o da literaturas em si, mas com maior ?nfase nas respectivas teorias da literatura. Embora seja mais praticado com trabalhos em diferentes idiomas, os estudos de literatura comparada podem tamb?m ser realizados em trabalhos em um mesmo idioma, de diferentes na??es ou culturas na qual a l?ngua ? falada. Tamb?m pode abranger a compara??o de diferentes tipos de artes; por exemplo, pode investigar a rela??o de filmes com a literatura estudada.Em outras palavras, a Literatura Comparada pode ser compreendida como um campo interdisciplinar cujos ?praticantes? estudam literatura transversalmente ?s fronteiras nacionais, ao tempo, ?s l?nguas, aos g?neros, aos limites entre a Literatura e as demais artes, assim como qualquer outra disciplina (literatura e psicologia, filosofia, ci?ncias, hist?ria, arquitetura, sociologia e pol?tica). A Literatura Comparada, doravante LC, ? uma abordagem multidisciplinar que consiste nos estudos comparativos das literaturas de diferentes ?reas lingu?sticas, mas tamb?m de diferentes m?dias e tipos de arte. O comparatista pode se interessar pelas literaturas nacionais, assim como pela m?sica, pela pintura e pelo cinema, por exemplo. A pr?tica dessa disciplina exige o dom?nio de muitas linguagens e conhecimentos em mais de um dom?nio de pesquisa. Por sua natureza pluralista, a LC encoraja o interc?mbio entre as disciplinas e os lugares de pesquisa.A express?o ?Literatura Comparada? surge no s?culo XIX e usa-se da compara??o de estruturas com finalidade de extrair leis gerais da literatura. Consagrada academicamente na Fran?a, tem sua primeira c?tedra em Lyon, em 1887, seguida por Sorbonne, 1910. Mas apenas nos primeiros dec?nios do s?culo XX, ela ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades europ?ias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia espec?fica e publico especializados.Suas grandes representa??es foram a Escola Francesa (criada nos princ?pios de fonte e influ?ncia), a Escola Americana (despojada de inflex?es nacionalistas, grande ecletismo, f?cil absor??o de no??es te?ricas), Escola Sovi?tica (compreens?o da literatura como produto da sociedade).Em in?cio, a LC fazia compara??es e distin??o impl?cita entre ?literaturas maiores? e ?literaturas menores?, sendo as primeiras as que, por via de uma maior for?a quantitativa e qualitativa, funcionariam como verdadeiros modelos ou ?fontes? para as segundas, que se limitariam assim a um papel secund?rio, perif?rico, de integra??o de influ?ncias provenientes dos modelos. Esse comparatismo configurava-se como uma relativiza??o de uma hierarquia (?imagologia?, o estudo das imagens culturais que um determinado povo provoca em outra literatura nacional).O conceito de Weltliteratur (?literatura mundial?) proposto ainda no s?culo XVIII por Goethe, corresponde assim a este intuito que pretende evitar um isolacionismo liter?rio, sublinhando ainda a continuidade relativamente ao modelo anterior de uma ?rep?blica das letras ?(Rep?blica das letras ? uma express?o cunhada na It?lia e que designa um espa?o imagin?rio no qual est?o todos os textos produzidos pelo Ocidente desde a Antiguidade, isto ?, desde os gregos), no interior da qual os pressupostos nacionalistas eram relativamente pouco atuantes. Pelo contr?rio, a LC desenvolver-se-? e sistematizar-se-? adentro do que poderemos designar como um ?paradigma nacionalista?, o que explica que ela seja considerada, frequentemente, como uma disciplina pela qual os gestos e as vontades de entendimento internacionalista encontram um canal quase exclusivo. ? ao longo, ent?o, do s?culo XIX que se assistir? ? progressiva implanta??o institucional da disciplina, quer atrav?s de cursos universit?rios que se reclamam do comparatismo quer atrav?s da publica??o de obras que integram j? esta designa??o quer ainda atrav?s da publica??o de revistas em que a ?literatura comparada? surge como prop?sito fundador.A LC nasceu em um ?mbito em que cada na??o fechava-se dentro de si mesma e era necess?rio combater esse isolacionismo nacionalista. Ela ficou longo tempo limitada aos estudos de autores em rela??o biogr?fica. Hoje, sob influ?ncia notadamente das pesquisas norte-americanas, ela se abriu para os estudos tem?ticos e ideol?gicos.A Escola Americana, verbi gratia, era vernaculamente alinhada ?s vis?es internacionalistas de Goethe e Posnett (possivelmente refletindo o desejo p?s-guerra de uma co-opera??o internacional), procurando por exemplos de confian?as universais do ser humano baseadas nos arqu?tipos liter?rios que apareciam por toda a literatura a todo tempo e em todo lugar.LC pressup?e a exist?ncia e a pr?tica de uma atitude comparativa que, no entanto, apresenta um ?mbito e um escopo muito mais amplos e ambiciosos, se bem que metodologicamente menos consistentes.Surgida de uma necessidade de evitar o fechamento em si das na??es rec?m constitu?das e com uma inten??o de cosmopolitismo liter?rio, a LC deixa de exercer essa fun??o ?internacionalista? para converter-se em uma disciplina que p?e em rela??o diferentes campos cient?ficos.A atitude comparativa foi central, por exemplo, para que a literatura e a cultura latinas se pensassem nas suas rela??es e especificidades face ? literatura e cultura gregas; ou na forma como a Idade-M?dia integrou e reformulou essa heran?a cl?ssica, diversificando-a atrav?s das espec?ficas dire??es que viriam a constituir as v?rias literaturas nacionais.N?o deveremos confundir a ?rea dos estudos de recep??o com o ?velho? estudo de fontes e influ?ncias: n?o s? porque a t?nica n?o ? j? a da produ??o (o autor), mas sim a da recep??o (o leitor e suas diversas configura??es), mas, sobretudo porque se passa a insistir quer no car?ter din?mico da hist?ria liter?ria quer nas rela??es culturais que o liter?rio pressup?e.Ren? Wellek , em 1958, no 2? Congresso da rec?m-criada Association Internationale de Litt?rature Compar?e, polemicamente intitula a sua confer?ncia ?The crisis of comparative literature? (Wellek, 1959). A ?crise? diagnosticada e analisada por Wellek, e que ele faz radicar na fundamenta??o historicista e positivista do modelo comparatista tradicional, levar? a que, progressivamente, se assista a uma clara renova??o dos objetos e m?todos da disciplina, protagonizada pela crescente import?ncia da Teoria Liter?ria nos estudos liter?rios em geral e na Literatura Comparada em particular.Conforme, Guill?n (1985), ?as fronteiras de uma na??o n?o rasuram nem conseguem esbater as passagens culturais e mais especificamente liter?rias que est?o na base de qualquer dita ?literatura nacional?? .Uma das atua??es da LC ? o campo da tradu??o. Relacionados de modo muito forte com esta ?rea, os estudos de tradu??o afirmam-se progressivamente como zona cuja crescente impacto e fundamenta??o te?rica tem inclusivamente levado ? sua defesa como ?rea comparatista privilegiada.Enfim, o campo de atua??o da LC ? hoje altamente diversificado: por exemplo, comparatistas frequentemente estudam literatura chinesa, ?rabe e de grandes l?nguas mundiais e de outras regi?es, assim como o fazem com o Ingl?s e as literaturas europ?ias.H? marcas em muitas partes do mundo de que a disciplina vem prosperando, especialmente na ?sia, na Am?rica Latina e no Mediterr?neo. As atuais tend?ncias da LC tamb?m refletem a crescente import?ncia dos estudos culturais nos campos da literatura.Em s?ntese, a LC parece poder surgir como espa?o reflexivo privilegiado para a tomada de consci?ncia do car?ter hist?rico, te?rico e cultural do fen?meno liter?rio, quer insistindo em aproxima??es caracterizadas por fen?menos ?transtemporais? e supranacionais quer acentuando uma dimens?o especificamente cultural, vis?vel, por exemplo, em ?reas como os estudos de tradu??o ou os estudos intersemi?ticos. Daqui decorrem tr?s tend?ncias centrais para o entendimento das perspectivas atuais do comparatismo: uma tend?ncia multidisciplinar (e mesmo eventualmente interdisciplinar); uma tend?ncia interdiscursiva, vis?vel no desenvolvimento das rela??es com ?reas como a hist?ria, a filosofia, a sociologia e a antropologia; finalmente, uma tend?ncia intersemi?tica, que tenta colocar o fen?meno liter?rio no quadro mais lato das manifesta??es art?sticas humanas. De todas elas ressalta um aspecto comum: o de que a LC situa-se na ?rea particularmente sens?vel da ?fronteira? entre na??es, l?nguas, discursos, pr?ticas art?sticas, problemas e conforma??es culturais. E esta coloca??o faz dela um campo de indaga??es particularmente f?rtil para a coloca??o de problemas que, se tomados em absoluto, dificilmente poder?o encontrar uma formula??o epistemol?gica significativa.REFER?NCIAS:BALDENSPERGER, Ferdinand. 1921, ?Litt?ratura compar?e: le mot et la chose?, Revue de Litt?rature Compar?e,1(1), pp. 5-29, 1921.BASSNET, Susan, 1992, Comparative Literature. An Introduction, Oxford, BlackwellCARVALHAL, T?nia Franco. Literatura Comparada. S?o Paulo, ?tica, 1986.NITRINI, Sandra. Literatura Comparada. S?o Paulo, EDUSP, 2000.CARVALHAL, T?nia Franco. Literatura Comparada: a estrat?gia interdisciplinar. Revista Brasileira de Literatura Comparada. Niter?i: Abralic, n.1, p.9-21, 1991.CARVALHAL, T?nia Franco & COUTINHO, Eduardo F. (org). Literatura Comparada: textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.GUILL?N, Claudio. Entre lo Uno y lo Diverso. Introducci?n a la Literatura Comparada, Barcelona, ed. Cr?tica, 1985.WELLECK, Ren?, 1959, ?The crisis of comparative literature?, in 1963, Concepts of Criticism, Yale U.P.

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Fecha publicación: 6.9.2014

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